AULA INAUGURAL - GESTÃO DE AGRONEGÓCIOS/FAV/UNB
Professora Magali UnB
Página da profa. Dra. Magali Costa Guimarães https://www.researchgate.net/profile/Magali_Guimaraes2
Translate
O mundo do trabalho e o trabalho no mundo
Seja bem-vindo ao Blog! Seu objetivo é compartilhar materiais (artigos, textos, informações, material de apoio) das disciplinas lecionadas por esta docente do Curso de Gestão de Agronegócios da Universidade de Brasília. É um espaço de comunicação com os discentes desta Professora-aprendiz.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2022
terça-feira, 15 de outubro de 2019
segunda-feira, 2 de setembro de 2019
terça-feira, 13 de agosto de 2019
Atenção! Vem aí a I Jornada de Gestão de Agronegócios (I JORGAN) - Semana de Extensão UnB
Dia 26/09 - Quinta-feira
16:00 às 18:30Abertura – Prof. Dr. Marlon Vinícius Brisola
A construção do Agronegócio Brasileiro (Profa. Dra. Suzana Maria Valle Lima)
As múltiplas dimensões conceituais do Agronegócio (Profa. Dra. Maria Julia Pantoja)
Representações Sociais sobre “Agronegócios” (Profa. Dra. Magali Costa Guimarães)
Local: Sala BT 11/10 BSA SUL, Campus Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília Código: 56266
18:30 às 21:00
Panorama atual do agronegócio no Brasil (Msc. Bruno Barcelos Lucchi)
Nova agenda política para o Agronegócio (Dr. José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho) Contribuições para o Agronegócio do Brasil no futuro (Dr. José Garcia Gasques)
Local: Sala BT 11/10 BSA SUL, Campus Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília Código: 56431
Link para inscrições https://www.sistemas.unb.br/siex/publico/oferta_extensao_listagem.xhtml (a partir de 01/09)
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NOS CONTEXTOS PRODUTIVOS RURAL E AGROINDUSTRIAL
A temática Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) invadiu os espaços organizacionais e crescentemente tornou-se foco de atenção e investigação daqueles envolvidos com a pesquisa científica. Sua popularização nas organizações brasileiras se deu, principalmente, nas duas últimas décadas, sendo que a formulação de políticas e programas de Qualidade de Vida no Trabalho tornou-se, conforme destacamos em outro momento[1], uma panacéia para todos os males organizacionais.
Contudo, investigações
de caráter científico também se intensificaram neste campo e estudiosos sérios,
pertencentes às diferentes áreas do conhecimento, têm batido de frente com as
propostas do tipo “ofurô corporativo”, sabiamente assim denominadas por
Ferreira (2006)[2].
Merece destaque o princípio norteador destes diferentes estudos: a preocupação
com os trabalhadores e com os diferentes elementos do trabalho que impactam
sobre sua saúde e seu bem-estar biopsicosocial.
Não obstante, chamou-nos
a atenção a quase ausência de estudos realizados em contextos produtivos rurais
e agroindustriais. Esta “quase ausência” nos remeteu a alguns questionamentos e
nos incentivaram a verificar tal assertiva. Dois questionamentos centrais nos
incomodavam:
· Nestes
setores não houve grandes mudanças que indicassem necessidade de investigação
no campo da QVT?
· Por
quê organizaçõ es urbanas – principalmente públicas e de serviços – constituem
campo privilegiado de investigação relativa a esta temática no Brasil?
Com estes
questionamentos partimos para um levantamento bibliográfico a fim de verificar
se haveria preocupação, por parte dos pesquisadores brasileiros, com a QVT
nestes contextos produtivos. Os resultados deste levantamento ainda serão
publicados em um livro[3], mas gostaríamos de, neste
pequeno texto, incentivar a reflexão e, por isso, adiantamos, ainda que sinteticamente,
alguns “achados” e alguns pontos que ainda permanecem nos incomodando.
· Os
pesquisadores/acadêmicos com formação em Psicologia e Administração – “áreas-chave”
na compreensão dos problemas organizacionais – não se interessam pela pesquisa
nestes contextos (rural e agroindustrial). A maior parte das investigações de
pesquisadores com esta formação se concentra no setor de comércio e serviços.
· Apesar,
não só de denúncias, mas de investigações científicas demonstrarem os problemas
que enfrentam os trabalhadores que atuam nas agroindústrias brasileiras levando
ao sofrimento físico e psíquico, poucas investigações sobre esta temática (QVT)
foram realizadas. Dos 121 estudos levantados no Banco de Teses da Capes[4], somente 5 foram
realizados em agroindústrias.
· Nenhum
estudo foi encontrado no denominado “dentro da porteira”, em organizações
rurais propriamente ditas. Apesar das atividades realizadas neste contexto
produtivo serem consideradas umas das mais perigosas em termos de saúde e
segurança no trabalho.
Não é de estranhar a ausência de estudos nos campos da
Psicologia Organizacional e do Trabalho e da Administração nestes contextos
produtivos, já que, historicamente, a atuação destes profissionais se deu
inicialmente nas indústrias, e, posteriormente, no setor de serviços, com
destaque para a atuação nas organizações públicas.
Contudo, tal fato não
deve justificar a permanência
do desinteresse (ou pouco interesse) pelos fenômenos psicossociais e
organizacionais, no âmbito das organizações rurais e agroindustriais. Atingidas
– em espaço temporal diferente das indústrias – por reestruturações produtivas
que transformam as condições e os modos de trabalho, estas organizações
empregam um grande número de trabalhadores brasileiros e integram o pujante
agronegócio do país.
Importante ainda
ressaltar, que a ausência histórica, já assinalada, não deve servir para
justificar o abandono atual das populações rurais por aqueles envolvidos em
pesquisas científicas nos diferentes campos do conhecimento. Ideologicamente,
tal ausência parece revelar ser o construto Qualidade de Vida no Trabalho (e
tudo que ele agrega) como exclusivo à população urbana, reforçando a imagem de
que os problemas relativos ao trabalho (desgaste, estresse, sofrimento, dentre
outros) também se restringem a esta população, apesar da precariedade
prevalecente nos contextos produtivos agroindustrial e rural.
A Qualidade de Vida no
Trabalho é uma demanda de todos os trabalhadores. Em um país em que as projeções
para o agronegócio se destacam, não é possível o "esquecimento" (quiçá omissão/negligência), por parte dos pesquisadores, dos inconvenientes que uma grande
parte dos trabalhadores deste setor produtivo ainda padece.
[1]
Ferreira, M. C., Almeida, C. P. de, Guimarães, M. C. & Wargas, R. D.
(2010). Qualidade de vida no trabalho: a ótica da restauração corpo-mente e o
olhar dos trabalhadores. In: M. C. Ferreira, J. N. G. Araújo, C. P. Almeida
& A. M. Mendes (Orgs.). Dominação e
resistência no contexto trabalho-saúde (pp. 159-182). São Paulo, SP:
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
[2] Ferreira, M. C.
(2006). Ofurô Corporativo. Portal da Universidade de Brasília, Brasília, DF.
Recuperado em 14 de março de 2006. Obtido em http://www.unb.br/acs/artigos/at0306-03.htm.
[3] Versão inicial foi apresentada no “GT Reestructuración productiva,
trabajo y dominación social” do XXIX Congreso de Sociología ALAS – Chile 2013.
[4] Nossa consulta
envolveu os trabalhos publicados no Banco de Teses da Capes, na Scientific
Electronic Library Online – Scielo e no portal de Periódicos Eletrônicos em
Psicologia – PePSIC.
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
ATLETAS E TRABALHADORES
Presenciei nestas duas últimas semanas cenas de fortes emoções. Os atletas olímpicos demonstraram ser capazes de realizar o que para muitos de nós parece impossível. Perfeição, força, flexibilidade, agilidade e perseverança são alguns dos adjetivos para qualificar o “trabalho” dos atletas. A superação diante da dor, visível por nós e sentida por eles, também nos fizeram emocionar. Foi assim no tênis, no vôlei, na ginástica olímpica... No levantamento de peso foi terrível assistir o braço do atleta se rompendo com a força do peso por ele levantado. Seu choro sentido parecia ser menos pela dor e muito mais por perder aquela oportunidade única: realizar seu sonho e ser reconhecido com a medalha!
Ao final das competições muitos choros. Ora por felicidade e euforia diante da vitória ora por tristeza e angústia diante da derrota. Ao serem entrevistados, tantos os atletas “derrotados” quanto os vencedores, apresentavam um discurso muito semelhante. O vencedor salientava que seus esforços, sacrifícios não foram em vão, pois agora tudo parecia valer a pena. O “derrotado” se lamentava, pois havia se esforçado tanto, feito tantos sacrifícios... Tantas horas de treino e dedicação, tantas horas longe da família, tantas e tantas coisas postas de lado em prol de seu trabalho como atleta. Entretanto, muitos reafirmaram que continuariam em busca de seu sonho olímpico.
Todas essas cenas e discursos, presenciados por todos nós, fizeram-me lembrar de outras cenas e discursos. E não sei se tão diferentes... Lembrei-me dos esforços, sacrifícios e dedicação daqueles que trabalham horas a fio nos escritórios, nas indústrias, na construção civil, nos hospitais e no campo. Estudando o trabalho não é difícil identificar verdadeiros “medalhistas olímpicos” que com sua inteligência e zelo driblam os inconvenientes da organização do trabalho e das condições de trabalho que lhe são impostas, realizando verdadeiras proezas:
- O professor que leciona – e consegue preparar bem a sua aula - apesar do excesso de trabalho e de controles impostos pela gestão das organizações de ensino privadas ou apesar da falta de condições de trabalho das organizações públicas e do produtivismo prevalecente;
- O assistente do conselho tutelar que zelosamente leva a criança maltratada para sua própria casa, por não ter o devido amparo das Instituições públicas que este serviço deveriam prestar;
- O trabalhador rural que adoece e envelhece seu corpo para dar conta dos objetivos de produção;
- O enfermeiro (de hospitais públicos, principalmente) que cuida do enfermo, apesar da sobrecarga de trabalho, da falta de material e de suporte;
- O atendente do serviço público que, apesar da burocracia e da incompetência disseminadas, consegue atender eficazmente o cidadão;
Tantos outros trabalhadores “comuns”, que colocados diante de líderes autoritários, de pressões diversas e situações
adversas, ainda conseguem realizar sua atividade de trabalho. Muitas vezes, a um
custo físico e emocional elevadíssimo. O sofrer e o adoecer acabam se tornando
parte do cotidiano destes trabalhadores. Exemplos e mais exemplos não faltam
no mundo do trabalho de pessoas que superam seus limites e ultrapassam
verdadeiras barreiras a fim de cumprirem com suas tarefas. Infelizmente, neste
contexto, a dor e o adoecimento geralmente nos são invisíveis. Muitas vezes, o
próprio trabalhador se cala diante dos primeiros sinais de adoecimento.
Para muitos faltam a “medalha”
do reconhecimento. E como já nos disse um grande especialista: sem o
reconhecimento só resta o sofrimento. Sofrimento este, que retira do trabalho o
seu sentido, afetando por sua vez, a forma como ele (o trabalho) irá estruturar
nossa identidade. “Quando a qualidade do
meu trabalho é reconhecida, também meus esforços, minhas angústias, minhas
dúvidas, minhas decepções, meus desejos adquirem sentido. Todo esse sofrimento, portanto, não foi em
vão; não somente prestou contribuição à organização do trabalho, mas também fez
de mim, em compensação, um sujeito diferente daquele que eu era antes do
reconhecimento. (DEJOUS, 1999, p. 34).
O reconhecimento, a “medalha
olímpica”, se presta, portanto, à estruturação de nossa identidade, do “Quem eu
sou”. “O que eu faço” é definidor do “Quem eu sou”. Temos visto nas pesquisas
que realizamos que para uma grande parte dos trabalhadores brasileiros, quiçá
do mundo, os seus esforços, sacrifícios e angústias são sim, em vão. Não há
amparo, não há suporte, não há apoio e, muito menos, um mero elogio. Não há remuneração digna e condições de trabalho que viabilizem o seu fazer. Eu
suma, não há “medalha”!
Como ao atleta, poderíamos
perguntar: “De onde tirar forças para continuar em busca do ‘sonho olímpico’?”.
Talvez não saibam responder, mas trabalhadores,
e não somente atletas, são para mim exemplos claros de superação humana!
sexta-feira, 13 de julho de 2012
SEGUE MINHA VISÃO DE TRABALHO EM VERSOS...
"O trabalho"
Trabalho
que executo
Trabalho
que desgasta
Que
me anula e me arrasta
Para
o vazio e solidão.
Trabalho que realizo
Trabalho
que enobrece
Me
cobra, exige e me engrandece
Segue
o ritmo acelerado do coração.
Trabalho que faço
Trabalho
que me ignora
Me
adoece, esmaga e me coloca
No
ritmo acelerado da produção.
Trabalho em que me esmero
Que
me cura e marca
Me
une ao outro, ao mundo e me retrata
Inserindo-me
no mundo da razão.
Construo, ergo e planto
Conserto,
desenho e acalanto
Ensino,
escrevo e dirijo
Dobro,
emito e arquivo
Trabalho,
esforço e preocupo
Suporto,
vivo e labuto.
Tão paradoxal quanto viver
É
sofrimento e é prazer
Caminho
para a realização
Ou
para a anulação.
Assinar:
Postagens (Atom)